14 de abril de 2010

Salvador Dalí

Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech nasceu às 8h45 da manhã de 11 de Maio de 1904, no número vinte da rua Monturiolin, na vila de Figueres, Catalunha, Espanha. O seu irmão mais velho, também chamado Salvador, tinha morrido de gastroenterite, nove meses antes, a 1 de Agosto de 1903.O seu pai, Salvador Dalí i Cusí, era um advogado de classe-média, figura popular da cidade e senhor de um carácter irascível e dominador, a sua mãe, Felipa Domenech Ferrés, sempre incentivou os esforços artísticos do filho. Dalí também teve uma irmã, Ana Maria, que era três anos mais nova. Em 1949, ela publicou um livro sobre o irmão, "Dalí visto por sua irmã".
Dalí frequentou a Escola de Desenho Municipal, onde iniciou a sua educação artística formal. Em 1916, durante umas férias de verão em Cadaquès, passadas com a família de Ramon Pichot, descobriu a pintura impressionista. Pichot era um artista local que fazia viagens frequentes a Paris. No ano seguinte, o pai de Dalí organizou uma exposição dos desenhos a carvão do filho na sua casa de família. A sua primeira exposição pública ocorreu no Teatro Municipal em Figueres em 1919. Em Fevereiro de 1921, a sua mãe morreu de cancro da mama. Após a morte, o pai de Dalí casou-se com a irmã de falecida esposa. Dalí não ressentiu este casamento, como alguns pensam, pois ele tinha um grande amor e respeito em relação à tia.
Em Outubro de 1921, Dalí foi viver para Madrid, onde estudou na Academia de Artes de San Fernando. Nessa altura, já Dalí chamava à atenção nas ruas com um excêntrico cabelo comprido, um grande laço ao pescoço, calças até ao joelho, meias altas e casacos compridos. O que lhe granjeou maior atenção por parte dos colegas foram os quadros onde fez experiências com o cubismo (embora na época destes primeiros trabalhos cubistas ele provavelmente não compreendesse por completo o movimento, dado que tudo o que sabia de arte cubista provinha de alguns artigos de revistas e de um catálogo que Ramon Pichot lhe oferecera, visto não haver artistas cubistas em Madrid).
Fez também experiências com o Dadaísmo, que provavelmente influenciou todo o seu trabalho. Nesta altura, tornou-se amigo íntimo do poeta Federico García Lorca e de Luis Buñuel. Dalí foi expulso da Academia em 1926, pouco tempo depois dos exames finais, em que declarou que ninguém na Academia era suficientemente competente para o avaliar. O seu domínio de competências na pintura está bem documentado, nesse tempo, na sua impecável e realista pintura "Cesto de Pão", de 1926.
Em 1924 o ainda desconhecido Salvador Dalí ilustrava pela primeira vez um livro, o poema catalão "Les bruixes de Llers" ( "As bruxas de Llers") do seu amigo, o poeta Carles Fages de Climent.
Foi nesse mesmo ano que fez a sua primeira viagem a Paris, onde se encontrou com Pablo Picasso, que estava referenciado pelo jovem Dalí. ("Vim vê-lo antes de ir ao Louvre", disse-lhe Dalí. "Fez você muito bem", respondeu-lhe Picasso.) O artista mais velho já tinha ouvido falar bem de Dalí através de Juan Miró. Nos anos seguintes, realizou uma série de trabalhos fortemente influenciados por Picasso e Miró, enquanto ia desenvolvendo o seu estilo próprio. Algumas tendências no trabalho de Dalí que iriam permanecer ao longo de toda a sua carreira já eram evidentes na década de 20, principalmente por Raphael, Bronzino, Francisco de Zurbarán, Vermeer, e Velázquez. As exposições de trabalhos seus em Barcelona despertaram grande atenção e uma mistura de elogios e debates por parte dos críticos. Nesta época, Dalí deixou crescer o bigode, que se tornou emblemático, estilo baseado no pintor do século XVII espanhol Diego Velázquez.
Em 1929, colaborou com o cineasta espanhol Luis Buñuel na curta-metragem Un Chien Andalou, e conheceu, em agosto, a sua musa e futura mulher, Gala Éluard (cujo nome verdadeiro é Elena Ivanovna Diakonova, nascida a 7 de Setembro de 1894, em Kazan, Tartária, Rússia), uma imigrante russa dez anos mais velha que Dalí, casada na época com o poeta surrealista Paul Éluard. Juntou-se oficialmente ao grupo surrealista no bairro parisiense de Montparnasse (embora o seu trabalho já estivesse há dois anos a ser influenciado pelo surrealismo). Em 1934 Dalí e Gala, que já viviam juntos deste 1929, casaram-se numa cerimónia civil.
A política desempenhou um papel significativo na sua imergência como artista. Ele foi por vezes retratado como um apoiante do autoritário Francisco Franco. André Breton, líder do movimento surrealista, fez um grande esforço para dissociar o seu nome do surrealismo. A realidade é provavelmente um pouco mais complexa. Em qualquer caso, ele não era um anti-semita, pois era inclusive amigo do famoso arquitecto e designer Paulo László, que era judeu. Ele também proferiu grande admiração por Freud e Einstein, ambos judeus.
Na sua juventude, Dalí abraçou por um tempo tanto o anarquismo como o comunismo. No seu livro, Dalí, em 1970, declara-se anarquista e monarquista. Enquanto viveu na cidade de Nova Iorque em 1942, ele denunciou o seu colega, o cineasta surrealista Luis Buñuel como ateu, o que levou Buñuel a ser despedido do Museu de Arte Moderna e, posteriormente, constar na lista negra da indústria cinematográfica norte-americana.
Com o rebentar da Guerra Civil Espanhola, Dalí fugiu e recusou-se a alinhar em qualquer grupo. Após o seu regresso à Catalunha após a Segunda Guerra Mundial, Dalí ficou mais próximo do regime de Franco. Alguns declaram que Dalí apoiou o regime de Franco, felicitando-o pelas suas acções para "limpar a Espanha de forças destrutivas". Depois de ter “regressado” à religiosidade católica e cada vez mais à medida que o tempo passava, Dalí referia-se a comunistas, socialistas e anarquistas, que tinham morto quase 7000 religiosos e religiosas durante a Guerra Civil Espanhola. Dalí enviou uma mensagem a Franco, "elogiando-o por condenações à morte e mandatos de captura a presos políticos."
Em 1960, Dalí começou a trabalhar no Teatro-Museum Salvador Dalí, na sua terra natal, em Figueres. Foi o maior projecto de toda a sua carreira e o principal foco das suas energias até 1974, embora continuasse a fazer acrescentos até meados dos de 1980.
A sua mulher, Gala, morreu em Port Lligat na madrugada de 10 de Junho de 1982 Desde então, Dalí ficou profundamente deprimido e desorientado, perdendo toda a vontade de viver. Recusava-se a comer, ficando desidratado, teve de ser alimentado por uma sonda nasal. Em 1980, um cocktail de medicamentos não prescritos danificou o seu sistema nervoso, provocando assim um inoportuno fim à sua capacidade artística. Aos 76 anos, Dalí sofre de tremores terríveis no seu lado direito, causado pela doença de Parkinson.
Mudou-se de Figueres para o castelo em Pubol, que comprara para Gala. Em 1984, deflagrou um incêndio no seu quarto em circunstâncias pouco claras — talvez tenha sido uma tentativa de suicídio de Dalí, talvez tenha sido uma tentativa de homicídio de um empregado, ou talvez simples negligência do seu pessoal — mas Dalí foi salvo e levado para Figueres, onde um grupo de amigos, patronos e artistas assegurou que o pintor vivesse confortavelmente os seus últimos anos no teatro-museu.
Em Novembro de 1988 Dalí foi levado para o hospital com insuficiência cardíaca e a 5 de Dezembro de 1988 foi visitado pelo rei Juan Carlos da Espanha, que confessou ter sido sempre um devoto de Dalí. A 23 de Janeiro de 1989, morreu de insuficiência cardíaca em Figueres, com 84 anos de idade e foi sepultado na cripta do seu Teatro-Museu Dalí, em Figueres, a partir da igreja de Sant Pere, onde ocorreu o seu funeral, a sua primeira comunhão e o seu baptismo, a três quarteirões da casa onde nasceu.

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