Laird nasceu dentro de um pequeno submarino conhecido como "Bathysphere" pois a sua mãe Joann quis contribuir para uma experiência da UC Medical Center de São Francisco, que consistia em fazer o parto dentro de um equipamento que era mergulhado dentro de água, o que reduzia a força da gravidade. Mais tarde, segundo os investigadores, a experiência revelou um padrão: além de Laird, todos os bebés testados cresceram mais do que qualquer outro bebé nascido através de parto tradicional.
A sua mãe Joann, que era surfista, mudou-se da Califórnia para o Hawaii (para uma pequena casa que tinha pipeline como quintal) quando Laird tinha 2 anos - o pai biológico abandonou a sua mãe ainda antes do seu nascimento. Na ausência de uma figura paterna, o pequeno Laird, que passava a vida a brincar na praia, começou a prestar atenção a um surfista que ele achava forte e talentoso. Era o lendário Bill Hamilton, então com 17 anos. Os dois sentiram uma ligação instantânea e o miúdo Laird chegou perto dele e disse: "Quero que você seja o meu pai. Venha conhecer a minha mãe?". Parece uma novela, mas Joann e Bill apaixonaram-se e Laird ganhou um sobrenome, um padrasto arrojado e um modelo exemplar. É fácil perceber como Laird Hamilton se tornou na pessoa que é hoje. Todos os dias via para além de Bill, outros surfistas famosos como Greg Noll e Butch Van Artsdalen e um grande amigo e mentor, Mr. Pipeline - Gerry Lopez desbravarem ondas monstruosas no seu quintal. Foi num instante que ele percebeu o seu objectivo: Surfar ondas cada vez maiores.
Os Hamilton viveram no litoral norte de Oahu de 1967 a 1971, período em que deu à costa o maior swell da história recente do Hawaii. Então, para fugir do crowd, Bill mudou-se com a família e o seu negócio - ele também é shaper - para o remoto vale de Wainiha, na ilha de Kauai, no norte do arquipélago havaiano, onde eram a única família de brancos. No meio dos anos 70, quando o surf competitivo trocou as longboards pelas agressivas pranchas de surf “normais” (shortboards) - uma revolução que Bill ajudou a criar -, o pequeno surfista Laird apanhava ondas de 3,5 metros com o pai. "Durante toda a minha infância, eu sempre quis surfar as ondas que o meu pai surfava", lembra Laird. Quando tinha 8 anos, Laird pediu a Bill que o levasse até às quedas de água de Waimea, onde os adolescentes da época provavam sua masculinidade saltando do alto do penhasco para a lagoa. Ele pensava que o miúdo queria ver os saltos, mas Laird foi até a beira, olhou para baixo - era uma queda de 20 metros -, voltou a olhar para ele e saltou.
Com a autorização do seu pai, Laird deixou os estudos aos 16 anos, depois de decidir que não havia mais nada a aprender na Kauai Kapaa High School, a não ser como lutar. Único branco da escola, ele sofria muito com o racismo e teve que conquistar o respeito dos locais mostrando o seu valor nas ondas e nas lutas (que normalmente corriam bem devido ao seu tamanho). Em 1980, foi trabalhar para a construção civil, até ser convidado por uma revista de moda italiana que fotografava um editorial na ilha, para fazer seu primeiro trabalho como modelo. Depois disso, Laird trabalhou para a revista GQ em Oahu, conheceu o fotógrafo Bruce Weber, fez umas fotos com Brooke Shields e foi viver para Los Angeles.
Laird podia ter seguido os passos da fama no mundo da moda ou ter competido no World Championship Tour (WCT), o circuito mais bem pago do mundo do surf, mas ele odiou viver na cidade e os campeonatos de surf nunca seduziram o seu espírito livre. "Como é possível a arte ser julgada?", dizia ele, que em miúdo viu de perto o sofrimento do seu padrasto com os juízes, quando este era surfista profissional. "Não conseguiria deixar alguém que não o público determinar o meu destino." Laird sempre foi um tipo de celebridade diferente no mundo do surf. Ele nunca liderou nenhum ranking de nenhuma associação de surfistas profissionais e mesmo assim a sua presença é sempre um acontecimento. As pessoas gostam de estar perto dele e saber qual vai ser sua próxima "loucura".
Laird começou a fazer outras coisas para além do surf, desde remadas de longa distância com uma prancha de cerca de 7m de comprimento (com a qual atravessou o Canal da Mancha), até windsurf de alta velocidade que certo dia o levou até Port Saint Louis - França - para bater o, considerado imbatível, record de velocidade de 36 nós/hora. Foi também em windsurf que começou a explorar os reef's mais longe da ilha onde vive e começou a andar em ondas de cerca de 10 metros de altura e a fazer travessias entre as ilhas do arquipélago.
Então, Laird começou a receber a atenção que tanto procurava. Em 1994 ele apareceu, ao lado da primeira esposa, na ESPN e na capa da revista do mesmo canal. No mesmo ano conseguiu um lucrativo patrocínio com a marca francesa de desportos radicais Oxbow. Em 1995, ele deixou a primeira mulher com a filha ainda bebé e foi viver para Los Angeles com a jogadora de voleibol profissional Gabrielle Reece (casaram em 1997). Gabrielle, que "sabia tudo sobre como estar num desporto em que se tem que criar alguma coisa a partir do nada", como ela diz, apresentou Laird a Jane Kachner, que gere a carreira e a imagem da jogadora.
Desde então, a carreira de Laird começou a ficar parecida com a de Gabrielle. Em 1996, a revista People elegeu-o como uma das 50 pessoas mais bonitas do mundo e ele substituiu a mulher na série de TV The Extremists, em que se arriscava a fazer vários desportos radicais. Em 2000, apresentou o programa Planet Extreme Championships, no canal Fox Sports. A onda que dropou em Teahupoo, no Taiti - considerada na época a mais perigosa já surfada -, foi eleita como o maior feito de 2001 pelo ESPN Action Sports & Music Awards e foi capa das revistas de surf de todo o mundo. Naquele ano, Laird e Gabrielle tiveram o que ela chama de "soluço", e a jogadora assinou os papéis do divórcio. Mas voltaram a viver juntos poucos meses depois e Laird continuou a sua ascensão à fama, surfando uma onda gigante como duplo de James Bond no filme 007 – Die Another Day.
Mas as coisas começaram a acontecer em 2003, quando - graças ao filme Blue Crush, protagonizado por jovens raparigas surfistas – Hollywood se voltou a interessar pelo surf, o que não acontecia desde o sucesso do clássico Endless Summer. Nesse ano, Laird voltou a ser falado quando o documentário Step Into Liquid gerou alguma polémica ao mostrar surfistas a ser puxados por jet skis para ondas gigantes sobre foilboards, a última geração de pranchas rápidas - uma das experiências de Laird - desenvolvidas especialmente para o tow-in. O filme correu o mundo e conseguiu um lucro de 3,5 milhões de dólares. Um ano depois, outro documentário, Riding Giants, dirigido por Stacy Peralta, endeusou de vez a figura de Laird Hamilton como o maior surfista de ondas gigantes de todos os tempos.
16 de abril de 2010
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