30 de abril de 2010

Tony Hawk

Anthony Frank Hawk, mais conhecido por Tony Hawk, nasceu a 12 de Maio de 1968 em San Diego, na Califórnia e tinha 9 anos quando o irmão lhe ofereceu o skate “banana” de fibra que lhe mudou a vida.
Tony era o tipo de criança que punha a cabeça dos pais em água devido à sua hiperactividade. Tony sempre foi muito determinado. Quando tinha 6 anos a mãe levou-o a uma piscina olímpica. “Ele decidiu que tinha que atravessar a piscina sem respirar, o que o deixou muito frustrado quando viu que não conseguia,” recorda a sua mãe, Nancy. “Ele sempre foi muito exigente consigo próprio e criava grandes expectativas quando ia fazer qualquer coisa.” A certa altura tentou a sorte no baseball, como não tinha muito jeito, ficou tão desgostoso que se refugiou numa falésia perto de casa, obrigando o pai a “resgatá-lo” depois de algum tempo para o convencer.
As suas frustrações eram tão preocupantes que os seus pais foram à escola e pediram que lhe fizessem uma avaliação psicológica. Os testes comprovaram que Tony era “sobredotado” e os professores recomendaram que fosse colocado numa classe mais avançada. Estava descoberta a origem dos seus problemas: “os psicólogos disseram que ele tinha uma mente de 12 anos num corpo de 8,” lembra a sua mãe. “E a sua mente pedia-lhe para fazer coisas que o seu corpo não conseguia.”
Felizmente para o mundo do skate quando, ultrapassado o mistério dos seus problemas, o seu irmão Steve lhe ofereceu um skate. Tony começou timidamente a andar no seu skate “banana” até que rapidamente o seu corpo começou a acompanhar a mente. “Quando ele começou a evoluir no skate a sua personalidade mudou. Finalmente ele estava a fazer algo que realmente o satisfazia,” conta o irmão. “Ele tornou-se uma pessoa diferente, ficou mais calmo e começou a pensar também nas outras pessoas, tornando-se generoso. Ele não se preocupava tanto com o facto de perder, pois já nem sequer se preocupava quando perdia a jogar Pac Man, como acontecia anteriormente”.
A sua mãe concordava com uma gargalhada, “eu fiquei tão contente, pois enquanto ele gastava energias com o skate pelo menos não me massacrava a mim.”
Mas Tony continuava a lutar consigo próprio e sempre a tentar superar-se. Se não conseguisse fazer as suas melhores manobras num campeonato de skate, mesmo que ganhasse, ficava em silêncio e quando chegava a casa pegava no seu gato Zorro, levava-o para o quarto para falar com ele e depois dizia à mãe:” o Zorro diz que se eu não der o meu melhor, vai-me matar,” lamentava ele.
Nunca se descortinou a origem de tanta determinação. Pelo menos uma parte deve vir do seu pai, Frank, que lançava torpedos aos aviões durante a II Guerra Mundial. Mais do que uma fonte genética, Frank Hawk sempre apoiou e ajudou o filho a evoluir como skater, não como professor ou treinador, mas dando-lhe sempre todas as condições para ele treinar e evoluir naquela que era a sua paixão favorita. Frank correu a Califórnia de norte a sul para levar o filho Tony a campeonatos de skate, construiu inúmeras rampas ao longo dos anos e quando começou a ficar desgostoso com as (más) organizações dos campeonatos, fundou a California Amateur Skateboard League e a National Skateboard Association. As organizações de alto nível conseguidas pela NSA deram uma boa imagem ao skate e tornaram-no num desporto popular durante os anos 80. Frank morreu em 1995.
Aos 12 anos, Tony era patrocinado pela Dogtown Skateboards, aos 14 tornou-se profissional e aos 16 já era o melhor do mundo. Aos 17 anos, Hawk já tinha participado em 103 campeonatos profissionais, ganhando 73 e ficando 19 vezes em 2º lugar.

Infelizmente, ser campeão do mundo de skate não significava necessariamente independência financeira. O skate era notoriamente um desporto de altos e baixos de popularidade mas Tony sempre foi organizado e soube tirar proveito do seu sucesso. Finalista na Torrey Pines High School, em Del Mar, na Califórnia, ele comprou a sua primeira casa aos 17 anos. Dois anos mais tarde comprou outra casa: uma quinta com 1,5 hectares nos arredores de Fallbrook, onde construiu um gigantesco half-pipe. Entre a casa e a piscina com cascata construiu uma rampa mais pequena. Hawk viajava constantemente pelo mundo inteiro para participar em campeonatos e demonstrações. Ele ganhava dinheiro suficiente para pagar aos amigos viagens ao Hawaii, de forma a passarem férias todos juntos. Casou-se com Cindy Dunbar em Abril de 1990, indo viver para Fallbrook. Génio da electrónica, Hawk comprava constantemente novos computadores, sistemas de som, câmaras de vídeo e carros. Mas, em 1991 tudo isto acabava. O skate estava “fora de moda” e a indústria do desporto não resistiu, quando Tony se apercebeu já era tarde e o céu já tinha desabado sobre si.
O skate tinha “morrido”. Não foi uma morte lenta que desse tempo para Tony se precaver, foi como um soco no estômago que o deixou “ko”. Os seus rendimentos baixaram drasticamente e, subitamente, a sua mulher, que era manicure, tornou-se no sustento da família. A vida estava tão difícil que Tony até teve o apoio da Taco Bell que lhe ofereceu um abono de 5 dólares por dia.
Nos anos seguintes as coisas não melhoraram e ele vendeu a casa de Fallbrook e o carro Lexus. Em 1992 nascia o seu 1º filho, Riley. Entretanto renegociou o financiamento da sua 1ª casa e fundou uma empresa de skates, a Birdhouse Projects, com amigo (e ex-colega do Team Peralta) Per Welinder. Dois anos mais tarde, divorciou-se de Cindy. A Birdhouse não gerava receitas e o futuro de Tony era incerto.

Entretanto a indústria do skate dava mostras de estar a recuperar da crise, voltando novamente à mó de cima. O falcão (Hawk, em inglês) tornou-se Fénix e renasceu das cinzas. Em 1996 casou com Erin Lee e comprou uma casa nova com uma nova piscina e uma nova cascata. A Birdhouse tornou-se numa das maiores empresas da indústria do skate a nível mundial (com uma facturação anual a rondar os 20 milhões de dólares!) e Tony assinou chorudos contratos de publicidade com empresas como a Jeep, a Adio Shoes e a Sirius Satellite Radio. Em 1998 ele e a sua família criaram uma empresa de roupas de skate para crianças chamada, claro, Hawk Clothing, que foi adquirida pela Quiksilver no ano 2000 (actualmente à venda exclusivamente na cadeia de lojas Kohl). Em 1999 criou, juntamente com a Activision, o jogo Tony Hawk Pro Skater para a Playstation. Ele previa lucros razoáveis mas as cópias “voaram” das prateleiras e rapidamente o jogo tornou-se um bestseller. No ano seguinte foi lançado Tony Hawk Pro Skater 2 e foi directamente para o topo das vendas, tendo permanecido no 1º lugar durante mais de um mês. Entretanto foi lançado Tony Hawk’s Proving Ground que continuou a ter boa aceitação de parte do público e o negócio não dá sinais de estar a abrandar tendo já vendido mais de 2 milhões de cópias.
O sucesso de Tony virou-se para outras áreas e a sua autobiografia, “Hawk – Occupation: Skateboarder” tornou-se um bestseller e foi bastante elogiada pelo New York Times. Criou também o Tony Hawk’s Gigantic Skatepark Tour com a cadeia ESPN, que só é superada pelos X Games.

A 26 de Março de 1999, nasceu Spencer, o seu 2º filho, que também tem uma estranha atracão pelos skates pois já anda no seu mini skate às voltas pela cozinha. O 3º filho, Keegan, nasceu a 18 de Julho de 2001. Entretanto Tony divorciou-se de Erin, tornando-se num orgulhoso e presente pai. “Fico orgulhoso em poder ser skater e um pai responsável ao mesmo tempo”, diz Tony, “mas não me sinto tão “velho” como outros pais.”
Tony não se sente tão velho como outros pais, mas já era suficientemente velho para se “retirar” aos 31 anos. Mas “retirar” não significa que ia deixar de andar de skate, significa apenas deixar de entrar competições. Ele continua a andar de skate todos os dias, continua a aprender novas manobras e continua a participar em demonstrações pelo mundo inteiro. Ele foi recentemente considerado o melhor skater na vertente vert (half-pipe) pelos leitores da Transworld Skateboarding Magazine. Uma das coisas que fez com que Tony acabasse a carreira no final de 1999 foi o facto de ter realizado um 900º nos X Games. O 900º (2 piruetas e meia) era a última manobra que ainda não tinha completado e que fazia parte da lista de manobras que tinha definido como objectivo uma década antes, da qual também faziam parte o ollie 540, o kickflip 540 e o varial 720.

Em 2002, Tony lançou o Boom Boom Huckjam, um circuito que passava por 30 estádios de várias cidades com participação dos melhores atletas mundiais de skate, bmx e motocross freestyle na disciplina de rampas/saltos e com prémios no valor de 1 milhão de dólares. Enquanto os atletas “ripavam” nas rampas, as melhores bandas de punk e hip-hop actuavam ao vivo. O enorme sucesso das Huckjam Tour’s levou a cadeia de televisão Fox a incluir o espectáculo na programação do Super Bowl Sunday (final do campeonato de futebol americano). Em 2006 e 2007 o Huckjam Tour actuou exclusivamente nos parques da Six Flags (uma das maiores cadeias mundiais de parques de diversões).
E por falar em Six Flags, vão ser inauguradas duas montanhas russas Tony Hawk’s Big Spin nas cidades de San Antonio e St. Louis, além de projectos para execução de outras em diversas cidades nos próximos anos. Terão o skate e Tony Hawk como temática e serão inspiradas nos movimentos do skate.
Em Janeiro de 2006, Tony casou com Lhotse Merriam numa cerimónia realizada na ilha de Tavarua, em Fiji. Tony e Lhotse vivem em San Diego e em 2008 foram pais de Kadence.

Tony criou também a Tony Hawk Foundation, uma forma de retribuir algo a um desporto que tanto lhe deu. O principal objectivo é promover acções de caridade e financiar a criação de skateparks em bairros desfavorecidos, a Fundação já distribuiu mais de 2.7 milhões de dólares para instituições sem fins lucrativos construírem skateparks no país (Estados Unidos) inteiro. Actualmente, a fundação já participou na construção de 427 skateparks.

"Estou muito feliz com o rumo que a minha vida tomou, assim como o próprio desporto,” diz Tony. “Eu não me imaginaria a seguir outra carreira sem ser a de skater profissional.”

Woodstock

O Woodstock Music & Art Fair foi um festival de música organizado na quinta de 250 hectares, propriedade de Max Yasgur, na cidade rural de Bethel, no estado de Nova York. Foi realizado entre os dias 15 e 18 de Agosto de 1969. Originalmente, o festival deveria ocorrer na pequena cidade de Woodstock, também no estado de Nova Iorque, onde viviam músicos como Bob Dylan, mas a população não aceitou, o que levou o evento para a pequena Bethel, a uma hora e meia de distância.

O Festival de Woodstock surgiu dos esforços de Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld. Roberts e Rosenman, que entrariam com o dinheiro, colocaram um anúncio sob o nome de Challenge International, Ltd., no New York Times e no Wall Street Journal ("Jovens com capital ilimitado procuram oportunidades de investimento e propostas de negócio"). Lang e Kornfeld responderam ao anúncio e os quatro reuniram-se inicialmente para discutir a criação de um estúdio de gravação em Woodstock, mas a ideia evoluiu para um festival de música e artes ao ar livre.
 
Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época (entre os quais Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Who e Joe Cocker) apresentaram-se a meio milhão de espectadores durante um chuvoso fim-de-semana. Apesar de posteriores tentativas de imitação do festival, o evento original provou ser único e lendário, reconhecido como um dos maiores momentos na história da música.

Mesmo considerado um investimento arriscado, o projecto foi montado tendo em vista o retorno financeiro. Os bilhetes começaram a ser vendidos em lojas de discos na área metropolitana de Nova York e via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares se fossem comprados antecipadamente e 24 dólares se fossem comprados no próprio dia. Foram vendidos antecipadamente 186,000 bilhetes e os organizadores estimaram que se chegasse às 200,000 pessoas com as vendas no dia do festival, mas não foi isso que aconteceu. Mais de 500,000 pessoas marcaram presença, destruindo cercas e transformando o festival num evento gratuito.

Esta afluência repentina provocou congestionamentos imensos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York e eventualmente transformando Bethel numa "área de calamidade pública". As instalações do festival não estavam equipadas para providenciar saneamento ou primeiros-socorros para tal multidão e centenas de pessoas viram-se obrigadas a lutar contra o mau tempo, o racionamento de comida e condições mínimas de higiene. Com todas as estradas bloqueadas, os organizadores tiveram que alugar helicópteros ao exército para trazer os músicos até ao local.

 
Embora o festival tenha sido reconhecidamente pacífico, relativamente ao número de pessoas e condições existentes, houve duas fatalidades registadas: a primeira resultado de uma provável overdose de heroína e a outra após um atropelamento com um tractor a um jovem que dormia no campo. Houve também dois partos registados (um dentro de um carro preso no trânsito e outro num helicóptero) e quatro abortos.

O festival exemplificou a era hippie e a contracultura do final da década de 60 e início de 70, que incluía o consumo de drogas, os protestos anti-guerra e anti-capitalismo, o conceito de amor livre, o movimento de libertação das mulheres, a vida em comunidde e muito mais. Os Estados Unidos estavam divididos. De um lado estava um grupo de norte-americanos que apoiava o país na guerra do Vietnam. Do outro lado estava o grupo de norte-americanos conhecidos como hippies: um termo que se tornou conhecido por volta de 1967.

Ainda assim, em sintonia com as esperanças idealísticas dos anos 60, Woodstock satisfez a maioria das pessoas que compareceram. Mesmo contando com uma qualidade musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo para o retrato comportamental exibido pela harmonia social e atitude do seu imenso público. 

Curiosidades:
  • A banda Grateful Dead tocou durante a chuva. Alguns membros da banda levaram choques durante a sua actuação e o baixista Phil Lesh ouviu o rádio de transmissão de um helicóptero através do amplificador do seu baixo enquanto tocava.
  • A actuação de Jimi Hendrix estava agendada para domingo (a encerrar o festival), mas, devido às ocorrências inesperadas, acabou por tocar na manhã de segunda-feira, quando restavam apenas 35.000 pessoas.
  • Apesar de o festival ter a presença de uma multidão de 500.000 pessoas, apenas 200 pessoas foram presas no local, principalmente por ofensas.
  • Os Doors também foram convidados para o festival mas recusaram porque Jim Morrison sabia que a sua voz soaria mal por estar ao ar livre (habitualmente os Doors tocavam em recintos fechados com menos público). Há também a ideia de que Morrison estava com medo que alguém do público lhe desse um tiro e o matasse quando subisse ao palco. No entanto, o baterista John Densmore compareceu no festival sendo visto ao lado do palco durante a actuação de Joe Cocker, quando este cantava o hino "Let's Go Get Stoned".
  • Os promotores entraram em contacto com John Lennon, a pedir para os The Beatles tocarem no festival. Lennon disse que os Beatles não tocariam no festival a não ser que a Plastic Ono Band, da Yoko Ono, também pudesse tocar. Os promotores o recusaram. 

27 de abril de 2010

Jello Biafra

Eric Reed Boucher (Boulder, 17 de junho de 1958), mais conhecido pelo nome artístico Jello Biafra, é um cantor e compositor de punk e activista político americano, ex-vocalista da banda Dead Kennedys. Jello (ou melhor, Jell-O) é uma marca de sobremesa com gelatina com pouquíssimos nutrientes, comum nos Estados Unidos. Biafra é um país que se tornou independente da Nigéria em 1967, mas que acabou em 1970 graças à repressão nigeriana originando uma das maiores crises de fome da história de África. Assim, a ironia de Jello Biafra já vinha directamente no seu nome artístico: era a mistura de uma merda sem nutrientes com uma das maiores crises de fome...

Principal compositor e vocalista dos DeadKennedys, destacou-se como personalidade política ao idealizar a produtora alternativa "Alternative Tentacles", responsável pelo lançamento do single "California Über Alles" em 1979. No mesmo ano, lançou a sua candidatura a Mayor de São Francisco, com propostas como forçar empresários a usar roupas de palhaço dentro do perímetro urbano ou banir o uso de veículos dentro da cidade, Biafra ganhou 3,5% dos votos, ficando em quarto lugar entre dez candidatos. O seu slogan de campanha era "There is always room for Jello", traduzindo, "Há sempre um lugar para Jello".
Para não cometer injustiças com Jello Biafra, é preciso dizer que ele sempre foi um activista e esteve presente nos protestos antiglobalização (esteve em Seattle em 1999) e contra a ALCA (no Quebec, em 2001), proferiu palestras sobre cyberactivismo e criticou intensamente o "Parents Music Resource Center" (PMRC), um dos mais poderosos órgãos de censura dos Estados Unidos e considerado o principal responsável pelo fim dos Dead Kennedys.
O PMRC é um comité formado em 1984-1985 por várias mulheres de congressistas (inclusivamente Tipper Gore, a mulher do ex-vice de Bill Clinton, Al Gore) com o objectivo de alertar os pais para a música que os filhos ouviam. O PMRC foi um dos instrumentos mais duros dos neoconservadores sobre a indústria musical, promovendo uma política de censura ao rock, música que, segundo essas distintas senhoras, encorajava e glorificava a violência, o consumo de drogas, o suicídio e a actividade criminosa, entre outras "atrocidades".
Como é obvio, o PMRC possuía uma forma de pressão muito directa sobre o Senado americano (afinal,as suas fundadoras partilhavam a cama com muitos senadores) e conseguiu com que a indústria fonográfica, a RIAA ("Records Industry Association of America"), lançasse uma etiqueta sobre os álbuns que o PMRC considerasse "inadequados". Subserviente às pressões políticas, a indústria musical simplesmente acatou as demandas do PMRC e as editoras independentes é que sentiram o maior golpe, tendo de pagar pesadas multas legais.
O caso dos Dead Kennedys foi o mais emblemático. A polícia invadiu a casa dos membros do grupo (inclusive do próprio Biafra) e levou-os a julgamento graças à capa do álbum "Frankenchrist" (1985). Sem recursos para conseguir arcar com os gastos do processo, os Dead Kennedys separam-se em Dezembro de 1986. Desde então, Biafra vem atacando o PMRC e a indústria musical norte-americana sem dó, inclusivamente estando presente em talk-shows e programas de rádio para criticar a posição do comité.
Depois do fim dos Dead Kennedys, Biafra foi alvo de um desgastante e embaraçoso processo movido pelos seus ex-colegas de banda, East Bay Ray, Klaus Flouride e D.H. Peligro, que o forçaram a diminuir o ritmo da sua produção musical. O caso, quase tão surreal como o confisco dos posters de Frankenchrist, em 1986, abre precedentes para que qualquer artista processe uma editora quando achar que os seus discos velhos deixaram de ser divulgados. É basicamente nisso que se sustenta a argumentação dos três músicos que, ainda por cima, ressuscitaram os Dead Kennedys para realizar constrangedoras tournées.
“Estou profundamente enojado com os ex-membros dos DK. Não consigo acreditar que eles tenham virado as costas e urinado em cima de tudo aquilo em que a banda sempre se apoiou, revelando-se pessoas tão podres e gananciosas. Eles processaram-me por não agir como uma editora de rock corporativo e o que desencadeou tudo isto foi a minha recusa em deixar que ‘Holiday in Cambodia’ fosse usada num anúncio da Levi’s. Para mim (ter feito isso), seria a maior facada nas costas das pessoas que sempre apoiaram a nossa música e o conceito que está por trás dela durante todos estes anos. Tem sido muito difícil preservar o meu orgulho pela música e separar isso do facto de eles se terem tornado traidores imundos”, declarou Biafra ao fanzine Juice Mag, em 2001.
Apesar do desgaste com a questão dos tribunais envolvendo os antigos ex-membros do Dead Kennedys, Jello tem estado envolvido mais do que nunca na realização de palestras pela América a favor das liberdades civis. Biafra também esteve na lista dos presidenciáveis do Partido Verde nas últimas eleições, tendo o jornalista Mummia Abu-Jammal como possível vice-presidente, mesmo estando este no corredor da morte.
No ano passado, Jello fez algumas participações em espectáculos de Ice-T/Body Count, para cantar “Cop Killer”, e Henry Rollins – na tournée de beneficência ao West Memphis Three (três jovens condenados à morte sob alegações absurdas) -, cantando o clássico do Black Flag “Jealous Again”. Biafra foi convidado ainda por Fat Mike, dos NOFX, para participar na Punk Voter, entidade que visa incentivar os jovens americanos a votar. O mesmo Fat Mike, que é dono do selo Fat Wreck, lançou a colectânea Rock Against Bush, que incluia várias bandas e artistas que discordavam da administração de George W. Bush. Biafra cedeu a canção “That’s Progress”, gravada com o D.O.A. em 1989.
Em 2003, Jello participou na música “Allah Save Queens”, da banda Carpet Bombers for Peace, imitando a voz de Bush filho. A faixa aparece na colectânea de beneficência Salt in the Wound. Envolvido na política até ao pescoço e a preparar o lançamento de um album com o Melvins, Biafra descarta qualquer possibilidade de regresso dos Dead Kennedys: “Eles (Ray, Flouride e Peligro) levaram-me a tribunal durante quase seis anos e recusaram qualquer tentativa de reconciliação. Acho que dificilmente estarei decepcionando os fãs ao não participar nesse massacre nostálgico”.
Jello actualmente vive perto de São Francisco numa casa sem muitos luxos. Tem gravadores, muito papel e uma enorme biblioteca carregada de livros de política, o seu assunto favorito. Até porque, para ele, política e música não são lá muito diferentes. Desde que chegou à fama com a sua antiga banda, os Dead Kennedys, as suas letras, a fúria e uma inconfundível ironia estão ao serviço da resistência ao silencioso totalitarismo que, segundo ele, faz dos EUA o triunfo do fascismo.

As Aventuras do Bocas

A Aventuras do Bocas, ou simplesmente o Bocas, é uma série de desenhos animados japonesa que os holandeses Wil Raymakers e Thijs Willems adaptaram ao mercado de televisão europeu. Basicamente, os episódios seguiam o dia-a-dia de Bocas, um boi que tinha uma quinta onde existiam todo o tipo de animais, sendo que o seu melhor amigo era Ted, uma tartaruga. A série original foi uma animação criada no Japão, que se chamava "Gera Gera Boos Monogatari" e foi produzida pela Telescreen Japan Inc.. Foram produzidos 102 episódios de 12 minutos cada, contudo estes eram usualmente transmitidos em lotes duplos, de 24 minutos cada. A versão portuguesa foi primeiramente exibida no inicio dos anos 1990 nos blocos infantis da tarde na RTP-2 e, posteriormente, no programa "Agora escolha" conduzido por Vera Roquette.
As principais personagens são:
  • Bocas - boi;
  • Ted - tartaruga;
  • Toy - cão
  • Rambo e Brigite - casal de gorilas;
  • Rino - rinoceronte;
  • Vitó e Rosa - casal de porcos.

22 de abril de 2010

Grand Theft Auto

Grand Theft Auto é uma série de jogos de computador e consola criada por David Jones. Os jogos actualmente são criados e desenvolvidos pela Rockstar North, empresa do grupo Rockstar Games. Os jogos já fizeram muito sucesso e estima-se que já foram vendidas mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo.
O jogo é considerado exclusivamente dedicado a adultos, por dar liberdade ao jogador para fazer o que quiser (matar, roubar, agredir, entre outras coisas), além de conter algum cariz sexual.
O jogador controla uma única personagem, que é o protagonista. Esse protagonista é um criminoso que tem que efectuar missões para que o jogo evolua, dando progresso à história.
Por se tratar de um jogo que explora muito a violência, a droga, o roubo, o homicídio e a prostituição, a série sempre foi alvo de críticas sensacionalistas contra a sua temática, motivando processos em tribunal e protestos contra a Rockstar Games. Várias pessoas assumiram-se contra a venda do jogo e lutam contra a sua distribuição, entre eles estão celebridades e políticos famosos como o advogado Jack Thompson e as democratas Hillary Clinton e Julia Boseman.

Em “Grand Theft Auto: Vice City”, por exemplo, são retratados membros de gangs cubanos a matar membros de gangs haitianos. A situação causou uma enorme controvérsia por parte de grupos dos dois países, que alegaram um enorme desrespeito para com as suas culturas. Jean-Robert Lafortune, da coligação haitiana americana pronunciou-se negativamente sobre o caso, dizendo que o jogo incitava à destruição humana e à destruição entre grupos e etnias. Como resultado, a Rockstar Games retirou a palavra "Haitianos" da legenda de uma das falas do jogo, em que um personagem dizia "Kill the Haitians dickheads".
O caso Hot Coffee foi um dos mais famosos escândalos relacionados com a série. Tratava-se de um mini-game de sexo, supostamente descoberto por hackers, em que o jogador pode "praticar sexo" com a sua namorada e o objectivo é conseguir que ela tenha um orgasmo. A empresa alegou que o mini-game se tratava de um Mod (1) e não fazia parte do jogo original, mas depois de muitos processos e multas o jogo recebeu uma nova classificação da ESRB, passou de M (Mature, 17+), para AO (Adults Only, 18+).
Além de casos dentro do próprio jogo, a série também é acusada de incitar ao crime, o que pode ter resultado em assassinatos cometidos por jogadores fanáticos no estado americano do Alabama e na cidade de Albuquerque. Os casos resultaram na proibição da venda do jogo na rede de supermercados Wal-Mart.

(1) MOD - é um formato de ficheiro informático

Teahupoo

É na pequena vila de Teahupoo (em Tahitiano significa “crâneos partidos”), situada na costa sudeste da Ilha do Tahiti, que se encontra a maior máquina de ondas do mundo.
Teahupoo é um recife de coral a 60 metros da costa onde parte uma esquerda sinistra. Os pioneiros foram os bodyboarders Ben Severson e Mike Stewart que surfaram a onda em 1986. Porém, foi no dia 17 de Agosto de 2000 que Laird Hamilton colocou a onda no radar do mundo inteiro ao surfar a onda mais pesada de todos os tempos, relatada no filme Riding Giants. Até hoje, Teahupoo é o maior desafio de qualquer surfista e garantia de óptimas fotos e filmes.
Com tubos gigantes e assustadores, a onda já tirou a vida a vários surfistas que hesitaram por um segundo. Isto porque, além de ter ondas extremamente potentes, Teahupoo quebra num raso e afiado recife de coral que numa extensão de 2 km diminui a profundidade dos 1400m para os 1,5m (na maré vazia os finos das pranchas chegam a tocar no coral). O volume de água em Teahupoo é absurdo. A onda cresce mais em largura do que em altura, formando tubos “quadrados” e letais.
A onda é tão perigosa, que alguns surfistas profissionais faltam à etapa do campeonato do mundo que por lá passa.
Mas Teahupoo não é conhecida apenas pela sua agressividade. Algumas das imagens, vídeos, drop’s e tubos mais espectaculares do planeta tiveram esta onda como palco.