13 de maio de 2010

Vinho

O vinho é, genericamente, uma bebida alcoólica produzida por fermentação do sumo de uva. É legalmente definido como o produto obtido exclusivamente por fermentação parcial ou total de uvas frescas, inteiras ou esmagadas ou de mostos.
A constituição química das uvas permite que estas fermentem sem que lhes sejam adicionados açúcares, ácidos, enzimas ou outros nutrientes. Apesar de existirem outros frutos como a maçã ou algumas bagas, que também podem ser fermentados, os "vinhos" resultantes são geralmente designados em função do fruto a partir do qual são obtidos (por exemplo vinho-de-maçã) e são genericamente conhecidos como vinhos de frutas. O termo vinho (ou seus equivalentes em outras línguas) é definido por lei em muitos países. A fermentação das uvas é feita por vários tipos de leveduras que consomem os açúcares presentes nas uvas transformando-os em álcool. Dependendo do tipo de vinho, podem ser utilizadas grandes variedades de uvas e de leveduras.
O vinho possui uma longa história que remonta pelo menos a aproximadamente 6000 A.C., pensando-se que tenha tido origem nos actuais territórios da Geórgia ou do Irão. Crê-se que o seu aparecimento na Europa terá ocorrido há aproximadamente 6500 anos, nas actuais Bulgária ou Grécia e era muito comum na Grécia e Roma antigas. O vinho tem desempenhado um papel importante em várias religiões desde os tempos antigos. O deus grego Dioniso e o deus romano Baco representavam o vinho e ainda hoje o vinho tem um papel central em cerimónias religiosas, cristãs e judaicas como a Eucaristia e o Kidush.
No tempo dos romanos, pensava-se que o vinho (eventualmente misturado com ervas e minerais) tivesse também propriedades medicinais. Nesses tempos, não era invulgar dissolverem-se pérolas no vinho para conseguir mais saúde.
Durante a Idade Média, a Igreja Cristã era uma firme apoiante do vinho, o qual era necessário para a celebração da missa católica. Em locais como a Alemanha, a cerveja foi banida e considerada pagã e bárbara, enquanto que o consumo de vinho era visto como civilizado e como sinal de conversão. O vinho era proibido pelo Islão, mas após os primeiros avanços de Geber e outros químicos muçulmanos sobre a destilação do vinho, este passou a ter outros usos, incluindo cosméticos e medicinais. De facto, o cientista e filósofo persa do século X Al-Biruni, descreveu várias receitas em que o vinho era misturado com ervas, minerais e até mesmo gemas, com fins medicinais. O vinho era tão venerado e o seu efeito tão temido, que foram elaboradas teorias sobre qual seria a melhor gema para fabricar taças para contrariar os seus efeitos secundários considerados indesejáveis.
Os efeitos do vinho na saúde são objecto de intenso estudo. Nos Estados Unidos verificou-se um aumento considerável do consumo de vinho tinto durante a década de 1990, na sequência da publicação de várias notícias sobre o chamado paradoxo francês. Este último refere-se à menor incidência de doença coronária da França quando comparada com a existente nos Estados Unidos apesar do consumo de quantidades elevadas de gorduras saturadas na dieta tradicional francesa. Os epidemiologistas suspeitam que esta diferença seja atribuível ao elevado consumo de vinhos pelos franceses, no entanto esta suspeita baseia-se em evidências científicas escassas.
Estudos populacionais mostram uma associação entre o consumo de vinho e o risco de doença cardíaca. Isto é, os abstémios e os grandes consumidores apresentam um risco elevado, enquanto os consumidores moderados apresentam um risco mais baixo. Estes mesmos estudos mostram que o consumo moderado de outras bebidas alcoólicas pode ter também efeito cardioprotector, apesar de a esta relação ser mais marcada no caso do vinho. Estes estudos encontraram este efeito protector relacionado tanto com o vinho tinto como com o branco, ainda que evidências laboratoriais pareçam sugerir que o vinho tinto terá um maior efeito protector incluindo na prevenção do cancro por conter mais polifenóis que o vinho branco, devido ao processo de fabrico.
Pensa-se que uma substância em particular, o resveratrol, será pelo menos parcialmente responsável pelos efeitos benéficos do vinho na saúde, pois mostrou-se que é capaz de activar vários mecanismos cardioprotectores bem como quimioprotectores em animais. O resveratrol é produzido naturalmente pelas uvas em resposta à infecção por fungos, incluindo a exposição às leveduras durante a fermentação. Como o vinho branco tem contacto limitado com as peles das uvas durante este processo contém geralmente quantidades menores de resveratrol. Outros compostos benéficos encontrados no vinho incluem outros polifenóis, antioxidantes e flavonóides.
Um estudo publicado em 2007 descobriu que tanto o vinho tinto como o vinho branco são agentes antibacterianos eficazes contra a estirpe de Streptococcus. É interessante notar que tradicionalmente em várias partes do mundo o vinho é usado para tratar feridas.
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas, vinho incluído, é causa de várias doenças, como a cirrose do fígado e o alcoolismo.
Existem cinco tipos distintos de vinhos: os vinhos tintos, os brancos, os rosés, os espumantes, e os vinhos fortificados. Em Portugal existe um tipo de vinho específico, o vinho verde, que pode ser tinto ou branco, mas devido à sua acentuada acidez pode ser considerado como uma categoria à parte. Os vinhos tintos podem ser obtidos através das uvas tintas ou das tintureiras (aquelas em que a polpa também possui pigmentos). Os vinhos brancos podem ser obtidos através de uvas brancas ou de uvas tintas desde que as cascas dessas uvas não entrem em contacto com o mosto e que essas não sejam tintureiras. Já os vinhos rosés, podem ser feitos de duas maneiras: misturando-se o vinho tinto com o branco ou diminuindo o tempo de maceração (contacto do mosto com as cascas) durante a vinificação do vinho tinto.
O espumante é um vinho que passa por uma segunda fermentação alcóolica, que pode ser na garrafa, chamado de método tradicional ou champenoise, ou em auto-claves (tanques isobarométricos) chamado charmat. Ambas as formas de vinificação fazem a fermentação em recipiente fechado incorporando assim CO2 ao líquido e dando origem às borbulhas ou pérlage.
Os vinhos fortificados são aqueles que a fermentação alcoólica é interrompida pela adição de aguardente (~70% vol). De acordo com o momento da interrupção e da uva que está a ser utilizada, ficará mais ou menos doce. O grau alcoólico final dos vinhos fortificados fica entre 19-22% vol. Os mais famosos são o Vinho do Porto (Portugal), o Vinho da Madeira (Portugal), o Xerez (Espanha) e o Marsala (Sicília).

Frases e citações sobre vinhos

"In vino, veritas" (No vinho, a verdade) (Plínio,o Velho)

"Nas vitórias, é merecido, mas nas derrotas é necessário" (Napoleão Bonaparte, sobre o Champanhe)


"Os vinhos são como os homens: com o tempo, os maus azedam e os bons apuram." (Cícero)

"O vinho é a prova constante de que Deus nos ama e deseja ver-nos felizes." (Benjamin Franklin)


"O vinho revela os sentimentos." (Horácio)

"O vinho faz esquecer as maiores preocupações." (Sêneca)
"O bom vinho é um amigo bondoso e de confiança, quando bebido com sabedoria." (William Shakespeare)


"O vinho e a música sempre foram para mim um magnífico saca-rolhas." (Anton Pavlovitch Tchékhov)


"O vinho consola os tristes, rejuvenesce os velhos, inspira os jovens e alivia os deprimidos do peso das suas preocupações." (Lord Byron)


"O vinho que se bebe com medida nunca foi causa de problema." (Miguel de Cervantes)


"O vinho foi dado ao homem para acalmar as suas fadigas." (Eurípedes)

"O vinho é o sangue da terra." (Plínio)


"O Vinho é a mais sã e higiénica das bebidas" (Pasteur)

"Deus criou a água, mas o homem fez o Vinho" (Victor Hugo)


"A penicilina cura os homens, mas é o Vinho que os torna felizes" (A. Flemming, Nobel da Medicina)


"Tirei mais proveito do álcool do que o álcool tirou de mim" (Winston Churchill)

"Os que bebem Vinho, vivem mais do que os médicos que o proíbem" (Mussolini)


"Comer é uma necessidade do estômago, beber é uma necessidade da alma" (Claude Tillier)

"Áquele que encomendou meia garrafa de Vinho, faltar-lhe-á sempre a outra meia" (Gomez de La Serna)


"O bom Vinho alegra o coração dos homens" (Sagrada Escritura)


"Boa é a vida, mas melhor é o vinho" (Fernando Pessoa)

"Moderadamente bebido, o vinho é medicamento que rejuvenesce os velhos, cura os doentes e enriquece os pobres." (Platão)

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